Brincar com sons
Juntar letras
Formar palavras
Descobrir a sonoridade e o nome de tudo
Que está no mundo
nas coisas
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Poder viajar
Conhecer mundos de ontem
de hoje
de amanhã.
Imaginar.
Criar.
Sonhar.
A leitura permite isso e muito mais
Pois ler é tão bom!

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Folclore e Vegetais / PROJETO on line FOLCLOREANDO quase TODO DIA no mês de agosto


 
Ficar à sombra de um cajueiro, cujo crescimento é acompanhado desde à semente é algo prazeroso. 

Assim, como dar um abraço, simbólico, 
num oitizeiro levado para Gravatá/PE, também.

Mas a relação de vegetais com o folclore e a
cultura popular vai muito além da pura afetividade.
Acho difícil não encontrar a presença do reino vegetal 
nas diferentes manifestações e fatos folclóricos. 
Por exemplo:
Adivinhas, Ditos populares e  Provérbios;
Artesanato;
Brincadeiras e Brinquedos populares;
Danças, Folguedos, Músicas e Instrumentos Musicais;
Gestos e Comportamentos; 
 Histórias, Lendas, Mitos, Contos e Fábulas; 
Medicina Popular;
Superstições, Crendices e Amuletos;
Tabus alimentares, Comidas e Bebidas típicas; 
Vestuário típico, etc.

 
A medicina popular é um assunto interessante que não deve, simplesmente, ser considerada como conhecimento menor. Ao contrário, deveria se considerar mais os 
pontos de intersecção com a medicina científica, que as diferenças e divergências...
Quem já não tomou chá de boldo, de hortelã, de folha de goiabeira, de capim santo?
Quem já não tomou banho frio ou colocou uma faca no "galo" da testa, pós uma pancada?
Muitos são os exemplos no dia-a-dia.

Para quem sofre de erisipela há um tratamento, diferente...
Cortam-se as cinco unhas da mão contrária
à perna que sofre da doença e as enterra ao pé 
de um mamoeiro. O mal não volta. Em compensação
não se pode comer mamão, jamais. Afirma dona Otávia, 
na sabedoria de mais de 90 anos.




O Simbolismo das Flores nas Mensagens Amorosas
Thelma Regina Siqueira Linhares

O século XXI chegou e já não é novidade... A era da comunicação, da internet, do aqui e agora ligando povos, geográfica e culturalmente tão diversos em um mesmo tempo real, é fato no
planeta Terra, embora com graus gritantes de distorções. A imagem, a realidade é expressada nua e crua, sem simbolismos e linguagens figuradas. "Pão pão, beijo beijo". "Preto no branco".

Mas nem sempre foi assim. Num passado cronologicamente não tão distante, o uso da linguagem simbólica das flores era freqüente e mesmo corriqueiro na comunicação dos enamorados, principalmente. Para tal era necessário o conhecimento e interpretação das duas regras básicas relacionadas às cores e perfumes e à significação emblemática das flores. As de tons claros e perfumes suaves significavam sentimentos ternos, piedosos e respeitosos, enquanto as de tonalidades fortes e perfumes penetrantes traduziam emoções mais ardentes. Por exemplo: a alfazema exprimia carinho e respeito e o cravo, amor ardente. Uma rosa vermelha exprimia amor ardente, enquanto um jasmim era entendido por quero ser todo seu.

De acordo com a cor básica, as flores exprimiam sentimentos que variavam de intensidade conforme os tons mais ou menos fortes. Assim, o vermelho, a cor do amor, simbolizava ardor - ardor exaltado ou violento (nas tonalidades fortes) ao ardor moderado e caprichoso (nos tons pálidos). O azul significava ternura – ternura intensa e apaixonada à ternura discreta e confiante. O verde traduzia esperança - esperança secreta à esperança nascente. O amarelo exprimia felicidade – felicidade completa ou alegria intensa à felicidade nova ou alegria terna. O violeta simbolizava dor - dor viva e profunda à dor passada e esquecida. O branco era a cor da inocência e pureza e o preto, cor do luto e tristeza. E, da combinação entre cores, tonalidades, símbolos e a própria flor, as múltiplas mensagens de amor iam sendo enviadas e decifradas pelos enamorados de então.

Abaixo uma relação das flores cultivadas no Brasil e que foram bastante usadas pelos enamorados no século XIX e meados do século XX e agora ilustram o folclórico simbolismo das flores nas mensagens amorosas. Observa-se a seguinte ordem: nome da flor, significação, cor e linguagem simbólica.

Alecrim - coração feliz – azul: sou feliz quando te vejo.
Alfazema - carinho e respeito – azul: amo-vos perfeitamente.
Amor-perfeito - pensamento afetuoso - todas as cores: penso em vós.
Crisântemo - amor findo – rosa: não tenho novo amor – branco: não me compreendeis. azul: acreditei um instante em vós.
Azálea - prazer de amar – branca: feliz por saber ser amado.
Begônia - cordialidade - rosa ou branca: amizade cordial.
Boa-noite - discrição - várias cores: a prudência se impõe.
Cravo - ardor – branco: a minha amizade é viva – vermelho: amo-vos com ardor.
Cravinas - admiração - todas as cores: sou vosso escravo.
Crista-de-galo - impaciência – vermelho: diz-me o que pensas.
Dália - reconhecimento – vermelha: o vosso amor é minha felicidade. – amarela: o meu coração transborda de amor.
Erva-cidreira - energia – branca: tenho pena de fazer sofrer o meu amor.
Girassol - fascinação – amarelo: só a vós vejo.
Hortelã - memória – branca: guardo recordações e tenho esperanças.
Hortênsia - capricho – azul: desgostam-me teus caprichos.
Lírio - coração terno – branco: amo-vos ternamente. – matizado: amo-vos com felicidade.
Lírio-branco - pureza – branco: são puros os meus sentimentos.
Maravilha - tristeza - branca ou rosa: longe de vós entristeço.
Margarida - aspiração – branca: os meus pensamentos e o meu amor são vossos.
Miosótis - fiel recordação – azul: não vos esqueças de mim.
Narciso - egoísmo - vaidade – branco: não tendes coração.
Orquídea - ardor – branca: amor puro. – rajada: amor ambicioso.
Papoula - fraco ardor – vermelha: antes de tudo amemos.
Perpétua - eterna saudade - várias cores: dor que não se extingue.
Rosa - amor – branca: amor triste. – rosa: juramento de amor. – vermelha: amor ardente.
Rosa silvestre - felicidade efêmera - branca ou rosa: os dias felizes passam depressa.
Sensitiva - extrema sensibilidade – cinzenta: um nada me desgosta.
Trevo - incerteza – rosa: muito gostaria de saber.
Tulipa - declaração - todas as cores: declaração de amor.
Urtiga - crueldade - branca amarelada: desgosta-me a vossa crueldade.
Violeta - amor oculto – violeta: que ninguém saiba de nosso amor.

Esta linguagem simbólica das flores é hoje, principalmente, uma lembrança do passado, guardado na memória de alguns. Testemunho de uma época, de um tempo em que, para se marcar um encontro, por exemplo, mandava-se um buquê tendo ao centro um gladíolo - flor que significava entrevista. O número de flores correspondia à hora marcada... É o tempo passou: já não se oferta flor como antigamente.

Referência bibliográfica
GRAVE, J.; COELHO NETO. Flores (linguagem das). In: Lello & Irmãos Editores. Lello Universal em 4 volumes - Novo Dicionário Luso-brasileiro. 1ª ed.. Porto,Lello & Irmãos 1°. v.2, p. 1055-1058.

Colaboração para a Jangada Brasil (www.jangadabrasil.com.br)
e publicado no www.usinadeletras.com.br em 2003.


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