Brincar com sons
Juntar letras
Formar palavras
Descobrir a sonoridade e o nome de tudo
Que está no mundo
nas coisas
no pensamento.

Ler é tão bom!

Poder viajar
Conhecer mundos de ontem
de hoje
de amanhã.
Imaginar.
Criar.
Sonhar.
A leitura permite isso e muito mais
Pois ler é tão bom!

terça-feira, 19 de março de 2024

Dia Mundial do CUSCUZ: 19 de Março

Dia Mundial do CUSCUZ: 19 de Março

Buscando belezura hoje. Memórias afetivas no dia do Cuscuz. Do Milho, pra nós nordestinas e nordestinos muitas gostosuras: milho assado, milho cozido, cuscuz, pamonha, canjica, xerém, angu, pipoca, broa, bolo, pudim, curau, sorvete, e mais. Qualquer opção, sentidos são contemplados: paladar, olfato, visão, audição, tato. E afeto, companheirismo, dedicação, solidariedade. Tradicionalmente, 19 de Março, dia de São José, se inicia o plantio do Milho. Colhido, em cerca de três meses, é a base da Culinária Junina. Festas de Santo Antônio, São João, São Pedro e São Paulo.

Voltando a falar, particularmente, sobre o Cuscuz que pode ser consumido com uma variedade de acompanhamento: com manteiga, leite, café, carne (guizada, de sol, de charque, de porco, de bode), com galinha, ovos, queijo, embutidos, frios e o que mais se quiser. E a sua popularidade não se restringe às terras nordestinas. Do outro lado do Atlântico, crianças amam "cuscuzinho com leite ou com ovo". Não é Yann e Nick? E, se Vovô quem fez, mais delícia, ainda!


A UNESCO concedeu ao cuscuz status de Patrimônio Imaterial da Humanidade desde 16.12. 2020, atendendo solicitação conjunta da Argélia, Marrocos, Mauritânia e Tunísia. Através de vídeo-chamada a Unesco declarou na ocasião que : “Essa inscrição conjunta de um patrimônio compartilhado ilustra até que ponto o patrimônio cultural imaterial pode ser um assunto sobre o qual os Estados se reúnem e cooperam (…) aproximando-os por meio das práticas e saberes que têm em comum”.


O cuscuz surgiu na África. Os mouros berberes, povo habitante do norte do continente africano, tradicionalmente usavam a sêmola de trigo, além de cevada, arroz ou sorgo. Ao conquistar a Península Ibérica (ano de 711 e por quase oito séculos) os mouros levaram hábitos alimentares para Espanha e Portugal. Com a "descoberta" do Brasil pelos portugueses novos hábitos alimentares foram sendo introduzidos na colônia tornando-se base da alimentação só que usando a farinha do milho, planta nativa e farta nas Américas.
Luiz da Câmara Cascudo, no livro A história da alimentação no Brasil, já apontava o cuscuz como um dos pilares da culinária brasileira.
Desde o período colonial, o cuscuz nordestino já se personalizava: feito com milho, cozido no vapor em uma cuscuzeira. Granulado e mais parecido com o africano. Na versão salgada com acompanhamento diversos: ovos, manteiga, carnes diversas, embutidos e frios. Na versão doce, embebido em leite de coco, geleias, etc. Consumido, principalmente, no café da manhã, embora presente, em outras refeições diárias. 

"O cuscuz é um alimento que representa a transformação cultural de uma comida africana, sofreu influências locais brasileira, é um exemplo de comida descolonizada reproduzindo a cultura culinária que cada região do Brasil e essas exercem influências sobre uma única receita e, assim, criou novos sabores, formatos e histórias."

https://mundonegro.inf.br/cuscuz-a-historia-do-alimento-que-tem-origem-no-norte-da-africa-e-se-tornou-patrimonio-imaterial-da-humanidade/

Mais informações:



https://www.receiteria.com.br/receitas-de-cuscuz/

Olinda/PE 19.03.2024

terça-feira, 12 de março de 2024

RECIFE e OLINDA: Parabéns cidades! - Aprendizagens Compartilhadas


RECIFE e OLINDA: Parabéns Cidades!
 
12 de Março de 2024, as Cidades-irmãs pernambucanas celebram mais um ano de criação. Recife, 487 e Olinda, 489. Compartilham Histórias, Culturas e Personalidades. Transitar entre as duas é situação corriqueira para quem mora em uma ou outra. E comigo não foi diferente. Grande parte de meu viver foi na capital pernambucana, agora em Olinda, onde estou há mais de década. O (meu) trânsito entre as duas acontece, diminuto, verdade, consequência dos anos difíceis da Pandemia da Covid-19 e outras particularidades.

Buscando dados para esta postagem, reencontrei um material especial, produto de uma formação do PMBFL-Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores, no já longínquo ano de 2009 e coordenado pelo Escritor Raimundo de Moraes. Instigada pelo questionamento "O que Recife lhe ensinou?" escrevi o texto que transcrevo abaixo. Ele, juntamente com o de algumas Mediadoras e Mediadores de Leitura foram compilados para o site interpoética, de Cida Pedrosa e Raimundo de Moraes. 

Quase tudo em minha vida, pois sou duplamente nordestina, desde o DNA.
Aqui aprendi a valorizar a cultura, a pesquisar sobre Pernambuco e Recife: multiculturais. Folclore riquíssimo! Museus. Casa da Cultura. Igrejas seculares. Pesquisadores e estudiosos embasando meus conhecimentos.
Aqui vivenciei sentimentos. Firmei caráter. Respeito ao outro. Cidadania. Nas escolas que estudei e trabalhei. Na convivência diária com um povo cabra da peste! que ama e vive vidas severinas quase sempre. E emociona nas artes, nas músicas, nas letras, nas poesias.
Aqui realimento meu arquivo pessoal de lembranças quando saio pelas ruas da cidade, observando a arquitetura, as praças, as pontes, os rios. Sentindo o sol e a chuva sob influências e devastações, que o humano, muitas vezes, faz na geografia da cidade.
Aqui vivo meu tempo. Um tempo tríduo, onde passado, presente e futuro me fazem e deixam marcas, inclusive físicas. Onde ritmos musicais diferentes me soam conforme as emoções.
Recife é... meu lugar de aprendizagens.
Thelma Regina Siqueira Linhares
GBFL

http://lereescreveremrede.blogspot.com/2013/11/o-que-o-recife-lhe-ensinou-perguntou.html

terça-feira, 5 de março de 2024

Quando a POESIA tematiza a MORTE"

 

Quando a Poesia tematiza a Morte. Não referente a um SER específico, mas o pensamento da perda e da saudade, toca a sensibilidade e criatividade de quem faz uso da palavra para expressar sentimentos. 

Assim com o 
Pardalzinho de Manuel Bandeira.

O pardalzinho nasceu
Livre. Quebraram-lhe a asa.
Sacha lhe deu uma casa,
Água, comida e carinhos.
Foram cuidados em vão:
A casa era uma prisão,
O pardalzinho morreu.
O corpo Sacha enterrou
No jardim; a alma, essa voou
Para o céu dos passarinhos!

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A Pombinha da Mata de Cecília Meireles:

Três meninos na mata ouviram
uma pombinha gemer.

"Eu acho que ela está com fome",
disse o primeiro,
"e não tem nada para comer."

Três meninos na mata ouviram
uma pombinha carpir.

"Eu acho que ela ficou presa",
disse o segundo,
"e não sabe como fugir."

Três meninos na mata ouviram
uma pombinha gemer.

"Eu acho que ela está com saudade",
disse o terceiro,
"e com certeza vai morrer."

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Há décadas, escrevi um poema autoexplicativo da situação que motivou a escrita, misto de tristeza, indignação, perplexidade, denúncia. É a palavra cumprindo sua vasta função social.

RÉQUIEM A UM CÃO DESCONHECIDO

Não vai voltar para casa
atropelado que foi...
Marrom e branco
peludo
corrente ao pescoço
acomodado entre os gelos baianos
da agitada avenida
por algumas mãos humanas.
Proteção tardia – é verdade -
pois motorista incauto o atropelou.
Não vai voltar para casa...
E é triste pensar nisso!
Quem o esperaria?
Quem sentiria sua falta?
Quem por si iria chorar?

... E absurdamente!
24 horas depois
continuava ao relento
inerte, como a vida que lhe foi tirada.
Prova concreta – como se preciso fosse
do descaso
da insensibilidade
da irracionalidade do ser humano
e da ineficiência e descaso dos órgãos públicos.
Em pleno século XXI
e até quando?!

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Dia de gato ou de cão?

Sthella sempre quis criar gatos. O maior sonho dos seus cinco/seis anos foi, temporariamente, realizado.
Por uma semana, criou um gatinho amarelo e branco. Chamou-o de Miúcha. Deu-lhe muito colo. Tirou várias fotos.
Após muita argumentação do pai e da mãe, concordou em doá-lo para Dulce, irmã de vovó Dinha que, sempre gostou muito de felinos. Tendo sempre notícias dele - na verdade, um macho, que lá recebeu o nome de Brilhante.

Tempos depois, numa noite, um filhote cinza cruzou seu caminho e foi trazido para casa.
Acordando bem cedo, não encontrou o gatinho, que fugiu durante a noite...
Muita tristeza. Muito choro. Olhos inchados por horas.
Conclusão: a menina passou um dia de cão... por causa de gato.

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Recentemente, voltei a abordar o tema.





aos pés da Mangueira
dorme bebezão, pequena vida alada
de um Anun Preto em vôo infinito.
(Encontrado na sexta-feira no chão, esperto e quase inteiramente penado. Foi colocado no tronco da Mangueira, chamando os seus e recebendo respostas vocais. Ficou sem ser visto, desde então, até há pouco, quando foi encontrado sem vida, pertinho da Mangueira... Enterrado, será adubo pra Árvore, seu mundo.)
Olinda/PE 04.03.2024