Brincar com sons
Juntar letras
Formar palavras
Descobrir a sonoridade e o nome de tudo
Que está no mundo
nas coisas
no pensamento.

Ler é tão bom!

Poder viajar
Conhecer mundos de ontem
de hoje
de amanhã.
Imaginar.
Criar.
Sonhar.
A leitura permite isso e muito mais
Pois ler é tão bom!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

http://www.camarabrasileira.com/entrevista235.htm


http://www.camarabrasileira.com/entrevista235.htm

Thelma Regina Siqueira Linhares

Eu
Eu sou Thelma Regina. Geminiana de 22/05/1954, nascida em Fortaleza/CE, mas desde a infância vivo em Recife/PE, portanto, duplamente nordestina. Eu sou Thelma Regina Siqueira Linhares. Professora, com formação em Magistério. Socióloga, com Bacharelado e Licenciatura Plena em Ciências Sociais, embora não tenha trabalhado nessa função. Pesquisadora de folclore: o ponto inicial de minha aprendizagem de escritora. É com esse nome que escrevo minha história na literatura.
Eu sou Thelma Regina Siqueira Linhares Alexandre Monteiro, pois, após meu casamento com Edvaldo, acrescentei esses dois sobrenomes.

A leitura em minha vida
A leitura chegou como presente ao terminar a Alfabetização: a coleção Reino Infantil, presente de papai Nami e de mamãe Ivanice. As horas livres, divididas com outras leituras - Tesouro da Juventude - e brincadeiras de bonecas com minha irmã Edna Maria. As histórias contadas por madrinha Getrudes traziam a linguagem simples e rural, que eu não conheci na infância. As tias maternas, Beta, Nida e Dulce, proporcionaram outras leituras, já na adolescência, através de seus acervos e presentes em livros. Freqüentei bibliotecas escolares e públicas. Comecei a montar a minha pequena biblioteca. A profissão de professora reforçou, naturalmente, minha ligação com a leitura e com a escrita. E, em casa, após o nascimento de Sthella e Rodrigo (meus filhos) e de Raimundo Júnior (meu sobrinho) esse vínculo ficou mais estreito e prazeroso. Muitas leituras foram marcantes ao longo de minha vida. Um livro inesquecível, na adolescência, foi O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. Tentei nomear autores e autoras brasileiros, que já li e releio, em um momento ou outro, mas, tarefa gigantesca! Sem observar cronologia ou gênero literário, pelo menos, teria uns trinta nomes... o que provocaria enfado à essa leitura. Uma observação, no entanto, acho pertinente: pode acontecer que numa primeira leitura não haja a troca, a tão esperada troca, entre autor/a leitor/a. Insistir, em outro momento e não sair propagando mal... porque nem sempre a primeira impressão é a que fica.

Aprendiz de escritora
Meus primeiros escritos foram os trabalhos e as redações escolares - alguns, pela originalidade, traziam palavras incentivadoras das professoras de Português - mas nada que motivasse a vontade de escrever além. Nem mesmo os caderninhos de pensamentos e de versos (quadrinhas) colecionados na adolescência. Nem, ainda, o exemplo de tia Dulce A. Siqueira, poetisa, com vários livros publicados e ativa participação em jornais e periódicos literários.
Os primeiros escritos de verdade, resultaram de pesquisas folclóricas, autônomas e encorajadas pelo folclorista Mário Souto Maior. Temas diversos foram abordados e publicados pela FUNDAJ-Fundação Joaquim Nabuco, na série de micromonografias. Após um longo intervalo, voltei a pesquisar e escrever sobre folclore, relacionando os temas abordados à educação. Um tempo depois, comecei a escrever poemas, contos e crônicas. Descobri a internet e alguns sites sérios e interessantes. Entre eles, a CBJE onde participo com muita alegria! Escrever é uma necessidade, todavia preciso de motivação para tal. Pode ser uma emoção, uma situação inesperada, uma observação. O texto poético, então, se realiza mais facilmente. O dizer poesias em recitais é uma experiência recente e gratificante.

A CBJE
Descobri a CBJE por acaso, navegando... E que descoberta! Já se vão mais de 5 anos. Minha primeira participação foi na antologia Painel Brasileiro de Novos Talentos (23º volume, em agosto de 2003). E fui virando figurinha carimbada... Na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos (volumes 5, 16, 30, 31, 33, 34, 35, 38 e 41), na Antologia de Contos Autores Contemporâneos (volumes 1 e 6) e na coletânea Novos Talentos da Crônica Brasileira (volumes 1 e 6). Nos projetos anuais: Livro de Ouro da Poesia Brasileira Contemporânea (Edições 2005 e 2006), Panorama Literário Brasileiro (As melhores poesias de 2005, 2006 e 2007), Os Donos da Vida (edição 2005), Os Mais Belos Poemas de Natal (2007), Palavras Verdes (volume 1) e Os Mais Belos Poemas de Amor (2008). Tenho vários textos sobre literatura de cordel publicados on line e ainda estou na galeria da CBJE! A CBJE é sempre uma referência literária por excelência! E, ainda, realiza sonhos!

Para quem está começando
Escreva, escreva e escreva! Busque sempre a melhor palavra para expressar o seu pensamento e a sua emoção. Leia, leia e leia! É sempre uma prazerosa viagem. Estude, estude e estude, sempre! Independente, se você tem 8 ou 88 anos, ou mais! A vida é uma aprendizagem diária e contínua, como o ato de escrever, ambos tão relacionados. Desengavete seus escritos! Escreva seus sonhos! Faça da escrita um lazer ou uma terapia. Participe de concursos literários. Venha para a CBJE!

Contato:thelmalinhares@gmail.com
http://www.camarabrasileira.com/entrevistas.htm

domingo, 19 de abril de 2009

PARLENDAS NA GUABIRABA


PARLENDAS NA GUABIRABA
Thelma Regina Siqueira Linhares

Fugindo à regra geral das brincadeiras de correr, muitas vezes agressivas, as meninas da área de Casa Amarela, particularmente da Guabiraba, gostam de brincar com parlendas, durante o recreio conturbado das escolas públicas de 1º grau.

São meninas na faixa etária dos sete aos doze anos que se organizam em duplas ou em quartetos e, juntas, vão cantando e acompanhando, com gestos, o que a letra sugere.

As letras têm rimas que reforçam a marcação da cantilena. Dado o início, as crianças começam a cantar e acompanhar os gestos com atenção, graça e alegria. Ao errar, recomeçam a brincadeira, com a mesma vitalidade, até cansar e enjoar quando, então, partem para outras atividades lúdicas.

É importante destacar, na parlenda, o elemento socializador. Em algumas, há a participação das crianças que rodeiam as que estão cantando e têm, incluídos, seus nomes nas letras e brincadeiras. Às vezes, os meninos podem, democraticamente, brincar.

Destaca-se, também, o elemento lúdico que, despretensiosamente, vai desenvolvendo afinação, ritmo e o gosto pela musicalidade, tão presentes nas crianças.

Ainda há de se ressaltar, entre outros, o desenvolvimento da atenção, do vocabulário e da coordenação motora.

A seguir, alguns exemplos de parlendas cantadas por Flávia, Janaína, Ivana, Isabel, Elza, Luciana, Lucilaine, Joseane, Gerlane, Sunamita, Taís e outras meninas da Guabiraba.

Babalu
(1) Babalu
(2) Babalu é Califórnia
Califórnia é Babalu
Eu só danço discoteca
(3) Discoteca da galinha
(4) Cintura de mocinha
(5) Bumbum empinadinho
(6) Babalu
(7) Aqui prá tu

Gestos que acompanham a cantilena Babalu:

(1) Mãos postas se tocando em palmas dorso das mãos esquerdas juntas
(2) Mãos direitas batendo embaixo e em cima
(3) Mãos nas axilas
(4) Mãos na cintura
(5) Mãos nos quadris
(6) Mãos postas se tocando
(7) Dá o dedo

Comentários da parlenda Babalu

As meninas cantam entusiasmadas e gesticulam conforme a letra. O último verso é cantado com mais ênfase, enquanto, o gesto de dar o dedo é feito com todo vigor, numa atitude autorizada e, até desculpável pela cantilena, apesar de reprimido, normalmente, pelo adulto.

O casamento

Com quem Sthella
Pretende se casar?
Com louro, moreno,
Careca, cabeludo
Rei, ladrão
Polícia, capitão?
Estrelinha do meu coração.

Gestos que acompanham a cantilena O Casamento:

As mãos de cada criança se tocavam na vertical, as duas palmas se batem e bate-se palma, repetindo-se esta seqüência até a palavra coração, quando, então, esticam-se os dedos que, somados vão dar o número da escolha das opções cantadas: 1 - louro; 2 - moreno, 3 - careca, 4 - cabeludo, 5 - rei, 6 - ladrão, 7 - polícia, 8 - capitão, retornando ao 9 - louro e 10 - moreno.

Comentário da cantilena O Casamento:

A dupla que está cantando e gesticulando, pode incluir outra criança que esteja acompanhando a brincadeira.

Se a criança for do ciclo de amizades e o escolhido for um mau-partido, as duas cantoras tornam a escolher outro candidato através de uma nova contagem. Caso contrário, deixam as coisas assim mesmo...

Outras parlendas cantadas pela garotada da Guabiraba:

Dindim, Castelo

Dindim castelo
Mal-assombrado
Xixi de rato
Prá todo lado
A coitadinha
Da princesinha
Não aguentou:
E desmaiou.
Manchete, manchete, manchete
Manchete, manchete
Aberto, fechado, aberto
Cruzado, sentado


Cê cê

Cê cê rê rê cê cê - cê cê
Somos quatro
Eu com tu
Tu com ela
Nós por cima
Vós por baixo
Cê cê rê rê cê cê - cê cê

Conclusão:

É interessante observar que o Folclore está presente no dia-a-dia das crianças. Talvez, não tão constante e atuante quanto gostaríamos, mas, revestindo-se do novo, reinventando-se, recriando-se. E contribuindo, com certeza, para tornar a vida mais criativa e feliz. Como as parlendas infantilmente cantadas.


(Linhares, Thelma Regina Siqueira. "Parlendas na Guabiraba". Em Fundação Joaquim Nabuco, Coordenadoria de Estudos Folclóricos. Folclore, 252, julho de 1998)

Texto enviado como colaboração para a Jangada Brasil, nº 38, de outubro/2001.
www.jangadabrasil@com.br

www.usinadeletras.com.br em 16/06/2002

quarta-feira, 8 de abril de 2009

PARA GOSTAR DE LER


PARA GOSTAR DE LER
Thelma Regina Siqueira Linhares

Para mim foi fácil aprender a gostar de ler.
Inicialmente, como ouvinte, pelas história lidas por papai Nami e mamãe Ivanice ou contadas por madrinha Getrudes. Reis, rainhas, princesas, fadas e madrinhas conviviam enquanto a menina crescia.
Quando terminei a alfabetização, um presente de peso de papai, veio reforçar o meu aprender a gostar de ler: Reino Infantil,coleção em dez volumes de contos da literatura universal, lido, relido ao longo de toda a infância e adolescência. Com pouquíssimas ilustrações, a riqueza dos textos permitia-me viajar na imaginação, comungando com os autores, o maravilhoso mundo do faz-de-conta.
Ainda na infância, tive acesso a um verdadeiro tesouro: o Tesouro da Juventude, que passou a ser o meu passaporte para o mundo da leitura, agora já mais diversificada e exigente. Conhecer culturas e povos diferentes no tempo e no espaço. Fui apresentada a grandes personalidades humanas de todos os tempos. Poesias, exemplos de belas ações, o livro dos por quês, com certeza, reforçaram muitos valores conservados até hoje.
Na adolescência, um presente de uma tia, semanalmente, era esperado e devorado por olhos e mente ávidas pela leitura. A coleção Conhecer. Numa linguagem atualizada, alguns temas do conhecimento científico eram preferidos: História, Geografia, Ecologia, Folclore, Cultura, Inventos.
Mas um lugar de honra era ocupado por um pequeno grande livro, O Pequeno Príncipe, por anos, meu livro de cabeceira. Em cada leitura uma nova descoberta, uma nova mensagem a partir de outro enfoque, da história quase decorada.
Na juventude, a leitura se modificou. Ficou mais acadêmica. Perdeu um pouco da poesia, do prazer de ler pela própria leitura. O corre-corre do cotidiano, a luta pela sobrevivência diária escassearam os momentos de deleite de leitora. A diversidade de opções para ocupar os momentos de lazer concorriam e, geralmente, venciam a leitura prazer.
O gostar de ler ficou como que encantado... até que um conjunto de fatos novos fizeram-no desencantar. Poderoso. O interesse pelo riquíssimo e variado folclore brasileiro, oportunizando-me novas leituras e permitiram-me experimentar o ofício de escritora. Redigi alguns ensaios sobre temas folclóricos, frutos de muita leitura, metodologia científica e, vivências folclóricas, tão arraigados no comportamento e inconsciente coletivo do povo brasileiro. O nascimento dos filhotes, Sthella e Rodrigo, paralelamente, trouxe de volta o hábito da leitura dos clássicos da literatura universal e nacional. E uma grande descoberta. Como é rica a literatura infantil e infanto-juvenil contemporânea do nosso país! Pensar que só a partir de Monteiro Lobato foi criada a literatura para as crianças, por autores e editoras nacionais... que o/a escritor/escritora, na maioria das vezes, encontra tantas dificuldades para editar seus textos. É mesmo surpreendente a criatividade do brasileiro, a beleza vocabular da língua-mãe, a riqueza do texto, do contexto, do intertexto.
E, um dia, para minha surpresa, estava me iniciando como aprendiz de escritora. Aventurando-me em poesias, crônicas, contos e causos. Timidamente, um tanto escondida na internet, mas vibrando e dando vida à imaginação e ao sonho.
Oportunizar sempre e apesar de... contatos da criança com o livro, no lar, na escola... contatos físicos ou virtual com a produção literária, de ontem e de hoje... possibilitar o envolvimento emocional da criança com o/a autor/autora e com o texto, inegavelmente, fará com que o gostar de ler cresça com o/a pequeno/pequena.

www.usinadaspalavras.com.br em 11/04/2004