Brincar com sons
Juntar letras
Formar palavras
Descobrir a sonoridade e o nome de tudo
Que está no mundo
nas coisas
no pensamento.

Ler é tão bom!

Poder viajar
Conhecer mundos de ontem
de hoje
de amanhã.
Imaginar.
Criar.
Sonhar.
A leitura permite isso e muito mais
Pois ler é tão bom!

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Menino chuva na Rua do Sol / André Neves

" ... aos poucos as nuvens desmancham-se no sol... "
...
"Lá em cima, no céu,
aos poucos as nuvens desmancham-se no sol,
que, forte, tenta esquentar o azul do dia.
O calor também vai aquecendo
uma saudade dentro do peito do menino.
Saudade da Rua do Sol.
Da mãe, do pai, da tia, da avó..."
...

(Menino chuva na Rua do Sol / André Neves ; il do autor. - 3.ed.
 - São Paulo : Paulinas, 2008.  ISBN 978-85-356-1188-5)



André Neves
http://www.editoraprojeto.com.br/andre-neves/


Sites sobre André Neves
http://confabulandoimagens.blogspot.com.br/
https://voluntarios.institutocea.org.br/pages/4011-conhecendo-um-pouquinho-de-andre-neves
https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/biblioteca/entrevistas/artigo/783/entrevista-andre-neves
http://esconderijos.com.br/tag/andre-neves/

https://www.facebook.com/AndreNevesIlustrador




https://www.youtube.com/watch?v=IKo41zcLtu8



terça-feira, 1 de setembro de 2015

PROJETO on line FOLCLOREANDO quase TODO DIA no mês de agosto


E agosto terminou. 
Com ele, concluo o FOLCLOREANDO quase TODO DIA, projeto on line.
Uma ideia audaciosa, pela complexidade do formato pensado: tema diverso diário, ou quase; inclusão de fotos autorais mais ou menos correlatas ao texto escrito
 e conteúdo com um mínimo de embasamento teórico.

Alguns ajustamentos foram feitos no cronograma original. Abaixo, a planilha de publicação.
               
PROJETO on line FOLCLOREANDO quase TODO DIA no mês de agosto
Thelma Regina Siqueira Linhares

data
Tema
01sab
O que é folclore? Projeto / Folcloreando na escola
02dom
E é folclore?!... / O folclore nosso de cada dia
03seg
Folclore do Brasil (Regiões)
04ter
 ( - )
05qua
É festa o ano inteiro (ciclos folclóricos)
06qui
Ditados Populares
07sex
Parlendas
08sab
Trava-línguas
09dom
 ( - )
10seg
Mascates e Pregões
11ter
Artesanato
12qua
Tabus e Faz mal
13qui
Superstições e Crendices
14sex
Adivinhações
15sab
Comidas e Bebidas típicas
16dom
Literatura de cordel – Xilogravura
17seg
Feira livre
18ter
Brincadeiras e Brinquedos Populares
19qua
Literatura Oral – Cantigas de roda e de ninar
20qui
Folguedos, Danças e Músicas folclóricos
21sex
Meteorologia popular
22sab
22 de agosto: Dia do Folclore
23dom
 ( - )
24seg
Lendas e Mitos
25ter
Anedotas e Piadas
26qua
 ( - )
27qui
Medicina Popular folclore dos vegetais
28sex
Questões de gênero e folclore
29sab
Contos africanos
30dom
 ( - )
31seg
Quadrinhas

 A disciplina da escrita quase diária foi muito boa.
Tanto que devo retomar o PROJETO on line POESIA quase TODO DIA 03.02.2015, também neste blog.
Rever textos autorais antigos e/ou realizar outras 
e novas  leituras, também foi muito interessante.
Socializar conteúdos sobre folclore e 
cultura popular.
Instigar reflexões sobre o pensar, sentir e agir  coletivo.
Contribuir, quem sabe, para reformar 
conceitos e preconceitos.
 Contabilizar (re)encontros através da rede.
Foram alguns aspectos positivos observados.

O mais importante, talvez, a clareza e vontade de vivenciar fatos folclóricos. Ainda que seja para...
 Observar a lua e ver São Jorge e o dragão lá...


Encontrar o Saci-pererê dando nozinho nas palhas do coqueiro...


Por hora, brincar, cantar e vivenciar floclore no dia-a-dia com Benjamin, sempre que puder. 


E esperando quem mais vier.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Quadrinhas / PROJETO on line FOLCLOREANDO quase TODO DIA no mês de agosto

As quadrinhas sempre me atraíram.
Na adolescência cheguei a ter três cadernos 
de quadrinhas populares. 
As capas dos caderninhos foram personalizadas por mim.
Um tinha colagens de papel colorido formando mosaico, 
outro desenhos geométricos feitos com lápis de cor
e o último minha mão contornada no símbolo 
de paz e amor... bem década de 1970.

Algumas das quadrinhas aqui selecionadas foram aprendidas na infância. Outras, pesquisadas agora na net.
Nessas poesias populares há expressão de sentimentos amorosos, desejos, admiração, reclamações, atitudes maliciosas ou de juízo e humor.
Algumas acompanham desafios, adivinhações e provérbios.


Sou pequenininha
Da perninha grossa
Vestidinho curto
Papai não gosta.


Sou pequenininha
Do tamanho de um botão
Carrego papai no bolso 
E mamãe no coração.
O bolso se furou
E papai caiu no chão...

Não sei se ele me fita
Não sei se me fita de fato
O fato é que ele me fita
E fita mesmo de fato.

Batatinha quando nasce,
Se esparrama pelo chão,
Menininha quando dorme,
Põe a mão no coração.

Andorinha no coqueiro,
Sabiá na beira-mar,
Andorinha vai e volta,
Meu amor não quer voltar.

Se eu soubesse que você vinha,
Eu mandaria buscar,
Com sombrinha enfeitada,
Só pro Sol não te queimar.


Cajueiro pequenino,
carregadinho de flor,
Eu também sou pequenina,
Carregadinha de amor.

Eu coloquei meu nome,
No teu relógio, querida,
Faça agora o que quiser,
Das horas da minha vida.


Passarinho, passarinho
Que canta no meu jardim
Não o prendo amiguinho
Cante bem perto de mim.

sábado, 29 de agosto de 2015

Contos africanos / PROJETO on line FOLCLOREANDO quase TODO DIA no mês de agosto

No post sobre contos africanos destaco sobre o baobá e a galinha de'Angola, que me atraem, de há muito... 


Baobá
Acho que a referência inicial é o livro O Pequeno Príncipe. Meu livro inesquecível, desde a adolescência.
Pernambuco, a cidade fora da África com mais baobás, permite ver, tocar e encantar-se com essa árvore sagrada, vinda de longe. Exemplares gigantescos, de porte médio ou tenros espalham-se pelo estado. Todos lindos, com características e histórias próprias.
 Incluo dois poemas, publicados na net em 2006.


BAOBÁS 
Thelma Regina Siqueira Linhares 

Belos baobás 
alguns centenários 
outros árvores tenras 
que enfeitam 
praças e parques da cidade do Recife. 

Beleza vegetal 
que a mãe-natureza 
gerou na distante mãe-África 
como símbolo de vida e resistência. 

Majestade vegetal 
à tua serenidade e fortaleza 
rendo meu olhar embevecido.


ACRÓSTICO GIGANTESCO 
Thelma Regina Siqueira Linhares 

Belo vegetal! 
Alta árvore resistente. 
Onde o olhar alcança o todo e 
Braços se juntam para 
Abraçar, coletivamente, um robusto tronco.


Galinha d'Angola
Acho que a referência inicial de gostar delas foram histórias ouvidas na infância acompanhadas pelo 
"tô fraco... tô fraco..." 
e o poema de Vinícius de Moraes, 
na voz de Ney Mato Grosso, 
"A galinha d'Angola".
Tenho uma pequena coleção de galinhas de Angola, 
em barro e adquiridas em Caruaru e Porto de Galinhas/PE.
Porto de Galinhas faz parte do município de Ipojuca, distante 70 quilômetros do Recife. Ponto turístico com piscinas naturais de águas mornas e transparentes, peixes coloridos nos arrecifes e com visita controlada. 
No passado, era chamada de Porto Rico, devido à extração do pau brasil. Na época, os navios ao aportarem, traziam africanos escravizados, contrabandeados e escondidos embaixo de engradados de galinhas d'angola. E a senha de chegada para a negociação era que havia "galinha nova no Porto!" Daí ficando o nome
 Porto de Galinhas, depois.



Por que a galinha d'angola tem pintas brancas? 
Rogério Andrade Barbosa apresenta a lenda explicativa  
no livro Outros contos africanos para crianças brasileiras, Edições Paulinas, 2008.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Questões de gênero e Folclore / PROJETO on line FOLCLOREANDO quase TODO DIA no mês de agosto


Em 1985, quando engravidei de Sthella fiz uma pesquisa com colegas de trabalho sobre superstições de gravidez 
e de adivinhação do sexo de bebês. Ultrassonografia de acompanhamento de gravidez já era comum, mas as crendices e superstições eram interessantes e desde sempre fizeram parte das minhas escutas... O material coletado, numa primeira edição, compacta foi publicado no jornal 
O Povo, de Fortaleza, graças a mediação de tia Naydée.
E, em 2005,  fez parte da série Folclore,
 micromonografian° 305, da FUNDAJ, 
em texto revisado e ampliado. 
Muita coisa hoje, politicamente incorreta, 
preconceituosa, até, e que requer uma leitura mais
reflexiva. Mas é algo já publicado e como todo texto
escrito e socializado, tem vida própria, já extrapolou a própria autora... assim, mais leituras e contextualizações.


Questões de gênero e folclore (*)
Thelma Regina Siqueira Linhares

Com o aparecimento do primeiro homem e da primeira mulher, as especificidades de gênero vêm sendo construídas e reconstruídas ao longo das diferentes culturas e sociedades humanas. Mas foi no último século, caracterizado por novos conhecimentos científicos, uma infinidade de invenções tecnológicas e um cem número de transformações sócioculturais, que as relações de gênero começaram a ser questionadas, desequilibrando o status quo, do relacionamento homem-mulher no planeta Terra. E, assim, interferindo, modificando e reinventando a própria história da humanidade.

O tema desta micromonografia foi escolhido a partir da evolução observada nos absorventes higiênicos. Das toalhinhas higiênicas e dos primeiros absorventes presos em cintos com presilhas e calcinhas plásticas, da década de 70, aos atuais absorventes, aderentes, com ou sem abas, anatômicos, fininhos, seguros, há um passo largo em prol da higiene e da comodidade feminina, inegavelmente. E, como uma coisa puxa outra, a curiosidade de pesquisar o universo do folclore feminino foi aguçada. Como mulheres vivenciam conceitos e preconceitos assimilados em outras etapas de vida? Como tabus, superstições e crendices são incorporadas pelas jovens da era da informática? Como e o quê, desse rico conteúdo folclórico, serão absorvidos pelas gerações futuras?

Na expectativa de encontrar respostas para esses e outros questionamentos, foi iniciada uma pesquisa bibliográfica e de campo, no ano de 2002. Os primeiros dados coletados permitiram uma versão preliminar publicada na revista on line Jangada Brasil, nº 44, em abril de 2002, com o título Coisas de Mulher e Folclore. (www.jangadabrasil.com.br). Destaque especial para as superstições e crendices ligadas à fertilidade feminina. Menstruação, gravidez, enjoo, sexo do bebê e parto foram temas abordados e exemplificados, então.

Agora, o tema em foco é retomado em um novo texto, revisto e ampliado, objetivando uma abordagem folclórica mais detalhada e definida nas relações de gênero. Para direcionar didaticamente esta micromonografia, foram consideradas as diferentes fases da fisiologia feminina, a saber: menina, menina-moça e mulher. Fica disponibilizado, por tempo indeterminado, o e-mail folcloremulher@bol.com.br para eventuais colaborações, sugestões e críticas. Sempre bem-vindas!

Menina

A infância teve tratamento especial no século XX, objetivando minimizar distorções, garantir direitos, assegurar cidadania, embora, ainda, muito a construir. O Estatuto da Criança e do Adolescente e os Conselhos Tutelares são alguns dos instrumentos políticos que revelam um novo olhar a esse segmento da vida humana. E sob o amparo legal.

No contexto social do ambiente familiar, quanta transformação! Cabia à mulher - mãe, babá e, anteriormente, mucama - a socialização dos fatos folclóricos e do saber socialmente necessário às novas gerações, em seus primeiros anos de vida. Com a modificação dos papéis sociais da mulher-mãe, agora mão-de-obra responsável, também, pelo sustento e sobrevivência da família, é a escola de Educação Infantil (antigo pré-escolar) e a de Educação Fundamental (antigos 1º e 2º graus), que cabe tal função social. Incluir em suas atividades pedagógicas cotidianas a prática das brincadeiras populares, por exemplo, como componente socializador de meninas e meninos, é uma medida eficaz para o aprendizado do folclore entre as crianças brasileiras. E, assim, novas relações sociais vão sendo estabelecidas, novos conceitos e saberes vão sendo construídos.

Usar roupas de cor rosa, só no enxoval da menina. Brincar de casinha e utensílios do lar, artesanalmente feitos ou produzidos em indústrias. Panelinhas de barro, miniaturas de aparelhos domésticos, industrializados, às vezes, com funções reais disponíveis. Boneca de pano - as antigas e populares bruxinhas - as variadas versões da Barbie e todos os seus sonhos de consumo. São alguns exemplos da vivência do folclore na fase mulher-menina. Os bonecos de super-heróis, másculos e viris, ficam para os meninos... Dentre as brincadeiras populares próprias do sexo frágil, figuram: pular amarelinha ou academia, corda, elástico (popularizado na década de 90), passar anel e brincar de roda. Histórias da carochinha, bruxas, fadas e príncipes surgem na infância e acompanham os sonhos da menina-moça e, às vezes, até as fantasias da mulher madura, vida a fora. Soltar papagaio ou pipa, ainda, é tabu entre as meninas. Como jogar bola de gude e soltar pião. Jogar futebol, aos poucos, vem quebrando resistências, incentivado por seleções femininas mundiais, inclusive, nacionais. Afinal, somos pentacampeões masculinos de futebol e derrubar preconceitos é preciso. Jogar capoeira, tocar instrumentos de percussão já refletem alguma mudança de comportamento da relação homem/mulher, pela crescente popularização entre meninas e jovens, em especial, na periferia das cidades.

Menina-moça

O corpo da menina, mais cedo que no menino, passa a sofrer transformações. A puberdade começa e, em breve, dá lugar à adolescência. Rebeldia. Transgressões sociais. Novas descobertas. Tudo tem a ver com a adolescência que quer, logo logo, definir e ocupar seu lugar no mundo. É a época, inclusive, do surgimento de cravos e espinhas - o terror da menina-moça. Para acabar com esse mal, duas receitas, dizem, infalíveis: passar na área afetada pela acne, a primeira urina do dia ou o mênstruo do primeiro dia da menstruação. Em ambos os casos, deixar agir por alguns minutos, lavando com bastante água e o sabonete de uso diário. Repetir uma ou outra receita até atingir os objetivos... Recomendado, igualmente, para os adolescentes, no caso da primeira urina.

A virgindade, tabu de milênios e posta em cheque há algumas décadas, com a liberação feminina e o advento da pílula, entre outros, tem seu quinhão folclórico, também. Um método, inquestionável de provar a virgindade da donzela: pegar um cordão, cujo tamanho é obtido pelo dobro da medida do seu pescoço. Segurando as duas pontas do cordão nos dentes, tentar passá-lo pela cabeça. Se não conseguir, a jovem, ainda, é virgem.

Talvez, nessa fase biológica da mulher, a prática das superstições de caráter amoroso do ciclo junino sejam mais comuns. Especialmente, no dia dos namorados, véspera de Santo Antônio, o santo casamenteiro celebrado a 13 de junho, jovens namoradeiras, mal-amadas ou encalhadas, buscam desvendar em adivinhações, crendices e superstições diversas, o futuro amoroso que as aguardam. Rezando, lentamente, a oração Salve Rainha, deixa-se pingar a vela num prato ou bacia, virgem, com água, até "mostrai-nos!". A letra que for formada será a primeira letra do futuro namorado, quiçá marido de um amor eterno.

Mulher

A mulher, especialmente, pós-século XX, jamais será a mesma. Sua posição e papéis sociais foram, sensivelmente, modificados na maioria das sociedades humanas. No mínimo, um ouvir falar, documentado e propagado pelas antenas dos meios de comunicações, cada vez mais modernos, rápidos e globalizados. Muitas foram as invenções colocadas a seu dispor e que tiveram como consequência a evolução/revolução do seu papel sóciocultural, até então, de sexo frágil. Absorvente, pílula anticoncepcional, camisinha, inclusive, feminina. AIDS. Minissaia, silicone, carro, celular, aparelhos domésticos. Igualdade de direitos ao homem, garantida pela Constituição. Trabalho fora. Estudo. Direito à escolha do companheiro, divórcio, inseminação artificial, produção independente, desestruturação familiar. Pequenos ou grandes fatos que permitiram à mulher assumir novos e outros papéis na sociedade, além daquele milenar, de mãe e dona de casa, já sacramentados em todas as sociedades, desde o aparecimento da humanidade e a especificidade de gênero.

Algumas questões de gênero refletidas em diferentes manifestações folclóricas:

Gírias

O período menstrual recebe vários nomes, dependendo, inclusive, da classe social e faixa etária da mulher: boi, tá de boi, bezerra, Chico, estar com regra, incomodada, regrada, estar doente, mulher doente, estressada, nervosa e, mais recentemente, TPM.

Mitos e Tabus

Dar um filho ao marido, ser responsável pela concepção ou não de um novo ser, ter mais dever que prazer sexual, etc., permanecem como coisas de mulher.
Estar sempre "pronto" para o ato sexual, se preocupar com o "tamanho dos documentos", fazer parte da natureza masculina, etc., continuam entendidas como coisas de homem.

Tabus Alimentares

Mulher grávida se comer "banana-gêmea" terá filhos gêmeos.
Ovo batido por mulher grávida cresce mais.
Ovo batido por mulher menstruada não cresce.

Crendices e Superstições

À mesa, caindo um talher, chegará uma visita próxima. Se for um garfo será um homem, se for uma faca, mulher. Também, quando se bota na mesa uma xícara de um tipo e o pires de outro, não se deve aceitar, para não ser mal-casado(a).

Frases feitas / Ditados Populares

Com mulher de bigode, nem o diabo pode.
Em casa que mulher manda, até o galo canta fino.
Entre marido e mulher, não se mete a colher.
Marido de mulher feia não gosta de feriado.
Mulher alheia é como árvore, só dá galho.
As três melhores coisas da vida: cerveja gelada, boi na invernada e mulher pelada.
As três piores coisas da vida: cerveja quente, boi doente e mulher da gente.
Mulher macho, nem o diabo pode. Legendas de caminhão
Mulher bonita na beira da estrada é como música de carnaval, fácil de ser cantada.
Mulher de amigo meu é que nem cebola: eu como chorando.
Mulher de casa é igual à galinha de granja: gorda e sem gosto.
Mulher e cachaça em todo lugar se acha.
Mulher e café, só quente.
Mulher é como caju que se aproveita até o caroço.
Mulher é como parafuso, que tem cabeça mas não pensa.
Mulher feia e cheque sem fundo, protesto.
Mulher feia e frete barato eu não carrego.
Mulher feia e urubu comigo é na pedrada.
Se mulher fosse dinheiro havia muita nota falsa.
Coração de mulher é igual à lotação: sempre cabe mais um.
Piadas

Mulher tem que saber contar só até seis, pois não existe fogão de sete bocas.

Sabem quando a mulher vai ganhar seu lugar ao sol? Quando inventarem cozinha com teto solar!

Conclusão

As questões de gênero são construídas através das muitas instituições sócioculturais que compõem uma dada sociedade, entre elas, o folclore. Estão sujeitas à aculturação e apropriação de conhecimentos, à dinâmica de construção e evolução de saberes, à definição e reestruturação de status e papéis sociais, inclusive. Estão carregadas de uma forte dose de preconceitos, tabus e discriminações contra a mulher e a favor do homem, largamente difundidas ao longo de milênios da história da humanidade, refletidas no pensar, sentir e agir do povo. No aqui e agora, as relações sociais entre sexos encontram condições favoráveis para serem revistas, ampliadas, transformadas, retificadas ou ratificadas, consequentemente, tornam-se mais dinâmicas e mutáveis, neste começo do século XXI. Fazendo parte do que é construído histórico-social e culturalmente e, não simplesmente, determinada pela natureza humana, as relações de gênero possibilitam a sua própria construção e reconstrução cotidianamente. Pela educação. Pela cidadania.

Referências Bibliográficas

CASCUDO. Luis da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro.
MELLO. Luiz Gonzaga de. Mulher, Comparação e Machismo. FUNDAJ. Folclore 163.
SOUTO MAIOR. Mário. Os Mistérios do Faz-mal. 20-20.
LINHARES. Thelma Regina Siqueira. Coisas de Mulher e Folclore. Jangada Brasil.
nº 44. abril/2002. (www.jangadabrasil.com.br)

(*) Publicado em FUNDAJ - Fundação Joaquim Nabuco. Série FOLCLORE, nº 305, Agosto/2005. Recife/PE.
e
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/suavoz/0078.html

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Folclore e Vegetais / PROJETO on line FOLCLOREANDO quase TODO DIA no mês de agosto


 
Ficar à sombra de um cajueiro, cujo crescimento é acompanhado desde à semente é algo prazeroso. 

Assim, como dar um abraço, simbólico, 
num oitizeiro levado para Gravatá/PE, também.

Mas a relação de vegetais com o folclore e a
cultura popular vai muito além da pura afetividade.
Acho difícil não encontrar a presença do reino vegetal 
nas diferentes manifestações e fatos folclóricos. 
Por exemplo:
Adivinhas, Ditos populares e  Provérbios;
Artesanato;
Brincadeiras e Brinquedos populares;
Danças, Folguedos, Músicas e Instrumentos Musicais;
Gestos e Comportamentos; 
 Histórias, Lendas, Mitos, Contos e Fábulas; 
Medicina Popular;
Superstições, Crendices e Amuletos;
Tabus alimentares, Comidas e Bebidas típicas; 
Vestuário típico, etc.

 
A medicina popular é um assunto interessante que não deve, simplesmente, ser considerada como conhecimento menor. Ao contrário, deveria se considerar mais os 
pontos de intersecção com a medicina científica, que as diferenças e divergências...
Quem já não tomou chá de boldo, de hortelã, de folha de goiabeira, de capim santo?
Quem já não tomou banho frio ou colocou uma faca no "galo" da testa, pós uma pancada?
Muitos são os exemplos no dia-a-dia.

Para quem sofre de erisipela há um tratamento, diferente...
Cortam-se as cinco unhas da mão contrária
à perna que sofre da doença e as enterra ao pé 
de um mamoeiro. O mal não volta. Em compensação
não se pode comer mamão, jamais. Afirma dona Otávia, 
na sabedoria de mais de 90 anos.




O Simbolismo das Flores nas Mensagens Amorosas
Thelma Regina Siqueira Linhares

O século XXI chegou e já não é novidade... A era da comunicação, da internet, do aqui e agora ligando povos, geográfica e culturalmente tão diversos em um mesmo tempo real, é fato no
planeta Terra, embora com graus gritantes de distorções. A imagem, a realidade é expressada nua e crua, sem simbolismos e linguagens figuradas. "Pão pão, beijo beijo". "Preto no branco".

Mas nem sempre foi assim. Num passado cronologicamente não tão distante, o uso da linguagem simbólica das flores era freqüente e mesmo corriqueiro na comunicação dos enamorados, principalmente. Para tal era necessário o conhecimento e interpretação das duas regras básicas relacionadas às cores e perfumes e à significação emblemática das flores. As de tons claros e perfumes suaves significavam sentimentos ternos, piedosos e respeitosos, enquanto as de tonalidades fortes e perfumes penetrantes traduziam emoções mais ardentes. Por exemplo: a alfazema exprimia carinho e respeito e o cravo, amor ardente. Uma rosa vermelha exprimia amor ardente, enquanto um jasmim era entendido por quero ser todo seu.

De acordo com a cor básica, as flores exprimiam sentimentos que variavam de intensidade conforme os tons mais ou menos fortes. Assim, o vermelho, a cor do amor, simbolizava ardor - ardor exaltado ou violento (nas tonalidades fortes) ao ardor moderado e caprichoso (nos tons pálidos). O azul significava ternura – ternura intensa e apaixonada à ternura discreta e confiante. O verde traduzia esperança - esperança secreta à esperança nascente. O amarelo exprimia felicidade – felicidade completa ou alegria intensa à felicidade nova ou alegria terna. O violeta simbolizava dor - dor viva e profunda à dor passada e esquecida. O branco era a cor da inocência e pureza e o preto, cor do luto e tristeza. E, da combinação entre cores, tonalidades, símbolos e a própria flor, as múltiplas mensagens de amor iam sendo enviadas e decifradas pelos enamorados de então.

Abaixo uma relação das flores cultivadas no Brasil e que foram bastante usadas pelos enamorados no século XIX e meados do século XX e agora ilustram o folclórico simbolismo das flores nas mensagens amorosas. Observa-se a seguinte ordem: nome da flor, significação, cor e linguagem simbólica.

Alecrim - coração feliz – azul: sou feliz quando te vejo.
Alfazema - carinho e respeito – azul: amo-vos perfeitamente.
Amor-perfeito - pensamento afetuoso - todas as cores: penso em vós.
Crisântemo - amor findo – rosa: não tenho novo amor – branco: não me compreendeis. azul: acreditei um instante em vós.
Azálea - prazer de amar – branca: feliz por saber ser amado.
Begônia - cordialidade - rosa ou branca: amizade cordial.
Boa-noite - discrição - várias cores: a prudência se impõe.
Cravo - ardor – branco: a minha amizade é viva – vermelho: amo-vos com ardor.
Cravinas - admiração - todas as cores: sou vosso escravo.
Crista-de-galo - impaciência – vermelho: diz-me o que pensas.
Dália - reconhecimento – vermelha: o vosso amor é minha felicidade. – amarela: o meu coração transborda de amor.
Erva-cidreira - energia – branca: tenho pena de fazer sofrer o meu amor.
Girassol - fascinação – amarelo: só a vós vejo.
Hortelã - memória – branca: guardo recordações e tenho esperanças.
Hortênsia - capricho – azul: desgostam-me teus caprichos.
Lírio - coração terno – branco: amo-vos ternamente. – matizado: amo-vos com felicidade.
Lírio-branco - pureza – branco: são puros os meus sentimentos.
Maravilha - tristeza - branca ou rosa: longe de vós entristeço.
Margarida - aspiração – branca: os meus pensamentos e o meu amor são vossos.
Miosótis - fiel recordação – azul: não vos esqueças de mim.
Narciso - egoísmo - vaidade – branco: não tendes coração.
Orquídea - ardor – branca: amor puro. – rajada: amor ambicioso.
Papoula - fraco ardor – vermelha: antes de tudo amemos.
Perpétua - eterna saudade - várias cores: dor que não se extingue.
Rosa - amor – branca: amor triste. – rosa: juramento de amor. – vermelha: amor ardente.
Rosa silvestre - felicidade efêmera - branca ou rosa: os dias felizes passam depressa.
Sensitiva - extrema sensibilidade – cinzenta: um nada me desgosta.
Trevo - incerteza – rosa: muito gostaria de saber.
Tulipa - declaração - todas as cores: declaração de amor.
Urtiga - crueldade - branca amarelada: desgosta-me a vossa crueldade.
Violeta - amor oculto – violeta: que ninguém saiba de nosso amor.

Esta linguagem simbólica das flores é hoje, principalmente, uma lembrança do passado, guardado na memória de alguns. Testemunho de uma época, de um tempo em que, para se marcar um encontro, por exemplo, mandava-se um buquê tendo ao centro um gladíolo - flor que significava entrevista. O número de flores correspondia à hora marcada... É o tempo passou: já não se oferta flor como antigamente.

Referência bibliográfica
GRAVE, J.; COELHO NETO. Flores (linguagem das). In: Lello & Irmãos Editores. Lello Universal em 4 volumes - Novo Dicionário Luso-brasileiro. 1ª ed.. Porto,Lello & Irmãos 1°. v.2, p. 1055-1058.

Colaboração para a Jangada Brasil (www.jangadabrasil.com.br)
e publicado no www.usinadeletras.com.br em 2003.