Quando a Poesia tematiza a Morte. Não referente a um SER específico, mas o pensamento da perda e da saudade, toca a sensibilidade e criatividade de quem faz uso da palavra para expressar sentimentos.
Assim com o
Pardalzinho de Manuel Bandeira.
O pardalzinho nasceu
Livre. Quebraram-lhe a asa.
Sacha lhe deu uma casa,
Água, comida e carinhos.
Foram cuidados em vão:
A casa era uma prisão,
O pardalzinho morreu.
O corpo Sacha enterrou
No jardim; a alma, essa voou
Para o céu dos passarinhos!
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A Pombinha da Mata de Cecília Meireles:
Três meninos na mata ouviram
uma pombinha gemer.
"Eu acho que ela está com fome",
disse o primeiro,
"e não tem nada para comer."
Três meninos na mata ouviram
uma pombinha carpir.
"Eu acho que ela ficou presa",
disse o segundo,
"e não sabe como fugir."
Três meninos na mata ouviram
uma pombinha gemer.
"Eu acho que ela está com saudade",
disse o terceiro,
"e com certeza vai morrer."
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Há décadas, escrevi um poema autoexplicativo da situação que motivou a escrita, misto de tristeza, indignação, perplexidade, denúncia. É a palavra cumprindo sua vasta função social.
RÉQUIEM A UM CÃO DESCONHECIDO
Não vai
voltar para casa
atropelado que foi...
Marrom e branco
peludo
corrente ao pescoço
acomodado entre os gelos baianos
da agitada avenida
por algumas mãos humanas.
Proteção tardia – é verdade -
pois motorista incauto o atropelou.
Não vai voltar para casa...
E é triste pensar nisso!
Quem o esperaria?
Quem sentiria sua falta?
Quem por si iria chorar?
... E absurdamente!
24 horas depois
continuava ao relento
inerte, como a vida que lhe foi tirada.
Prova concreta – como se preciso fosse
do descaso
da insensibilidade
da irracionalidade do ser humano
e da ineficiência e descaso dos órgãos públicos.
Em pleno século XXI
e até quando?!
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Dia de gato ou de cão?
Sthella sempre quis criar gatos. O maior sonho dos seus cinco/seis anos
foi, temporariamente, realizado.
Por uma semana, criou um gatinho amarelo e branco. Chamou-o de Miúcha. Deu-lhe
muito colo. Tirou várias fotos.
Após muita argumentação do pai e da mãe, concordou em doá-lo para Dulce, irmã
de vovó Dinha que, sempre gostou muito de felinos. Tendo sempre notícias dele -
na verdade, um macho, que lá recebeu o nome de Brilhante.
Tempos depois, numa noite, um filhote cinza cruzou seu caminho e foi trazido
para casa.
Acordando bem cedo, não encontrou o gatinho, que fugiu durante a noite...
Muita tristeza. Muito choro. Olhos inchados por horas.
Conclusão: a menina passou um dia de cão... por causa de gato.
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Recentemente, voltei a abordar o tema.
aos pés da Mangueira
dorme bebezão, pequena vida alada
de um Anun Preto em vôo infinito.
(Encontrado na sexta-feira no chão, esperto e quase inteiramente penado. Foi colocado no tronco da Mangueira, chamando os seus e recebendo respostas vocais. Ficou sem ser visto, desde então, até há pouco, quando foi encontrado sem vida, pertinho da Mangueira... Enterrado, será adubo pra Árvore, seu mundo.)