Texto publicado no www.usinadeletras.com.br,
em 24/08/2002. Seis anos depois, no http://thelmaregina.blogspot.com.br/2008/08/22-de-agosto.html e
hoje, reedição, com cópia nos outros dois blogs.
22 DE AGOSTO
Thelma Regina Siqueira Linhares
Além de rimar com desgosto, o mês de Agosto traz em seus dias
a comemoração do Dia Mundial do Folclore. Precisamente, o dia 22. Data dedicada
a tudo que traduz “o pensar, sentir e agir de um povo” como tão definitivamente
definiu Luís da Câmara Cascudo, o mais completo folclorista brasileiro.
O vocábulo Folclore foi criado em 1846, pelo antropólogo
inglês William John Thoms. Mas, muito tempo atrás, ainda na Antiguidade,
escritores, pensadores e filósofos atentaram para alguns fatos folclóricos
dedicando-lhes estudos e importâncias na construção do conhecimento de povos,
culturas e civilizações.
A vivência do Folclore há muito retrocede no tempo. Talvez,
àquele exato momento em que os primeiros seres humanos se definiram como tal,
na linha divisória com os outros primatas. Observando a natureza, buscando a
sobrevivência da espécie, dando identidade própria a determinado grupo social,
enfim, promovendo aprendizagens e socializando conhecimentos incorporados às
tradições e transmitidas oralmente através das gerações.
À tradição e à oralidade, junta-se o anonimato e a
funcionalidade do fato para torná-lo folclórico. Do contrário, apenas um fato
popular ou pitoresco.
E como é variado o leque dos fatos folclóricos! Cantigas de
ninar e acalanto. Cantigas de roda. Histórias da carochinha, lendas e mitos.
Brinquedos e brincadeiras populares. Ditados populares, provérbios, frases de
pára-choques de caminhão. Parlendas, trava-línguas. Adivinhações, crendices e
superstições. Comidas e bebidas típicas. Tipos populares. Artesanato. Medicina
popular. Entre tantos.
E tem fato folclórico para todo gosto e idade.
Ainda no ventre da mãe, adivinhações e crendices buscam a
identificação do sexo do feto. Ao nascer, braços carinhosos, solícitos e
cuidadosos protegem o bebê que cresce e vai se apropriando da cultura em que
está inserido. Pela transmissão. Pela oralidade. Pela tradição.
Na creche ou na escola se acelera a socialização infantil. As
brincadeiras e cantigas de roda, as parlendas, as histórias da carochinha, etc.
povoam a imaginação, exercitam à criatividade, ampliam vocabulário. Na infância
e adolescência, brincadeiras populares, folguedos, crendices e superstições. Na
idade adulta e velhice, comidas e bebidas típicas, crendices... E a história se
repetindo, se reinventando, se reescrevendo.
22 de Agosto.
Bela data para rever valores. Inclusive, ocasião para reverter
preconceitos de considerar Folclore uma ciência de menor importância para a
humanidade. Neil Armstrong ao deixar sua pegada no solo lunar citou ser aquele
“um grande passo para a humanidade” e lá ficou a marca do seu pé direito...
para dar sorte, com certeza!
22 de Agosto.
Também é data de lembranças. Da festa do Folclore na FUNDAJ,
tendo por anfitrião o folclorista Mário Souto Maior. Encontro de amigos.
Socialização de saberes. Comes e bebes autenticamente nordestinos...
22 de Agosto.
Viva o Folclore!
Recife, 24/08/2002.
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