... Com tudo que é insolvente e provisório... |
A solidão e sua porta
Carlos Pena Filho
Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
E quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha)
Quando pelo desuso da navalha
A barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha
Arquitetar na sombra a despedida
Deste mundo que te foi contraditório
Lembra-te que afinal te resta a vida
Com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída
Entrar no acaso e amar o transitório.
Carlos Souto Pena Filho (*1929 + 1960) |
Sites sobre Carlos Pena Filho
CHOPP
Na avenida Guararapes,
o Recife vai marchando.
O bairro de Santo Antonio,
tanto se foi transformando
que, agora às cinco da tarde,
mais se assemelha a um festim.
Nas mesas do Bar Savoy,
o refrão tem sido assim:
São trinta copos de chope,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados.
Ah, mas se a gente pudesse
fazer o que tem vontade:
espiar o banho de uma,
a outra, amar pela metade
e daquela que é mais linda
quebrar a rija vaidade.
Mas como a gente não pode
fazer o que tem vontade,
o jeito é mudar a vida
num diabólico festim.
Por isso no Bar Savoy,
o refrão é sempre assim:
São trinta copos de chope,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados.
Poemas de Carlos Pena Filho no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=-61aGW0K2Xo (A mesma rosa amarela na voz de Maysa)
http://www.youtube.com/watch?v=CwagKzHVvUc (Soneto do desmantelo azul na voz de Marrom Brasileiro - http://www.youtube.com/user/marronbrasileiro)
http://www.youtube.com/watch?v=CWYyJ9MAvsg (Soneto do desmantelo azul)
http://www.youtube.com/watch?v=MPDA83kfi2o (A solidão e sua porta por Paulo José)
Nenhum comentário:
Postar um comentário