Brincar com sons
Juntar letras
Formar palavras
Descobrir a sonoridade e o nome de tudo
Que está no mundo
nas coisas
no pensamento.

Ler é tão bom!

Poder viajar
Conhecer mundos de ontem
de hoje
de amanhã.
Imaginar.
Criar.
Sonhar.
A leitura permite isso e muito mais
Pois ler é tão bom!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

DICA DE LEITURA


MANUEL BANDEIRA - Berimbau e Outros Poemas (*)

Esta é uma coletânea formada por 29 poemas do poeta pernambucano, acompanhados um a um por ilustração, que expressa sensibilidade e, com certeza, uma motivação a mais para a criança e o adolescente que está tendo à mão, o livro de literatura de primeira qualidade. Afinal, é tão bom ler!

E como se viaja na poesia de Manuel Bandeira!
Trem de Ferro traz em seus versos o ritmo vertiginoso daquele meio de transporte tão comum à época do poeta.
É como estar à janela de um vagão e ver
toda a paisagem correndo... talvez, um dos textos mais interpretados do poeta, em festivais de literatura e poesia, aqui em Pernambuco, em eventos estudantis.
Antenado ao progresso, rende homenagem
ao transporte aéreo, na Oração para aviadores.

O amor é tema dos poemas de Manuel Bandeira.
A descoberta do amor, o primeiro amor, aos seis anos,
dedicado ao seu Porquinho-da-Índia (“a primeira namorada”). Coração reconquistado, anos depois por Teresa, como vemos em Madrigal tão engraçadinho. As influências da infância, como não se vivencia mais, aparecem em muitos títulos:
Na rua do sabão, Balõezinhos, Rondó do capitão,
Boca de forno, Anel de vidro e, no poema-chave da coletânea, Berimbau. Neles, o poeta faz ponte entre
o menino que foi e o menino que sobreviveu no homem, apesar das marcas e perdas que na vida acumulou.
A religiosidade tem lugar de destaque: Canto de Natal,
O menino doente, D. Janaína, Mozart no céu,
Acalanto de John Talbot. O cotidiano reflete-se
na escolha de temas variados: Pensão familiar,
Camelôs, Cabelelo, O amor, A poesia, As viagens.

Pessoalmente, considero dois poemas ímpares:
Irene no céu e Debussy. É impossível lê-los e não materializar cada palavra. Imaginar Irene, negra,
linda majestosa como uma baiana no carnaval, embora simples, ingênua — a personificação da bondade e resignação... E em Debussy, dá para perceber
a respiração da menina ficando leve, o torpor do sono cada vez mais forte e, finalmente, o novelinho rolando no chão.

Na coletânea, sinto falta do poema O Bicho
que, felizmente, muitas crianças tiveram oportunidade de ler, em algum outro livro. Tão real, tão triste e, ao mesmo tempo, tão perto da realidade de muitos. E foi emocionante escutar o comentário espontâneo de uma pequena aluna — Janaína — que após a leitura disse que era um poema “triste, né, tia” . Como o é a fome, a exclusão e o preconceito.

Como no Pardalzinho,
cuja alma “voou para o céu dos passarinhos”,
os poemas de Manuel Bandeira vivem livres, entre
as palavras, a sonoridade e, principalmente,
nas emoções de quantos os lêem. Uma excelente leitura
para qualquer faixa etária e nível de escolaridade.
Pré-requesito, apenas, a sensibilidade da leitora e do leitor.


(*)Comentários de
Thelma Regina Siqueira Linhares
Recife PE
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Sensacional!
Manuel Bandeira é redescoberto!
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As crianças, que estudam na rede municipal de Educação da cidade do Recife PE, receberam, neste 2° semestre de 2006, exemplar do livro
com a seleção primorosa de Elias José e ilustrações de Marie Louise Nery,
2ª ed. pela editora Nova Fronteira, 1994.


http://www.dobrasdaleitura.com/index.html (em PALAVRA DO LEITOR)

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